Artistes et Créatifs/Artistas e Criativos/Artists and Creatives/Artistas y Creativos

5/06/2007

MARATONA PARA O DIA MUNDIAL DA DANÇA EM AVEIRO


MARATHON POUR LA JOURNÉE MONDIALE DE LA DANSE AU PORTUGAL
(résumé en français à la fin de l’article portugais)

Dia 29 de Abril, para quem não sabe, é o Dia Mundial da Dança.
Como tal, a REDE – Associação de Estruturas para a Dança Contemporânea, foi convidada pelo Teatro Aveirense, a investir os seus espaços numa Maratona de Dança em comemoração deste dia.
A programação que durou aproximadamente 12 horas (das 11h da manhã às 11h a noite – com alguns atrasos relativos às dificuldades compreensíveis de seguimento e articulação logística de cerca de 30 artistas-criadores/companhias-colectivos) incluiu apresentações cénicas, encontros/conversas, vídeos, instalações, performances, e mesmo a possibilidade de trocar algumas palavras com a Ministra da Cultura e a sua comitiva (que chegou por volta das 18h e ficou até ao fim).

Às 11h iniciou-se a Maratona propriamente dita, com uma apresentação exterior (na Praça da Republica, em frente ao Teatro) de «Do lado de dentro», apresentação muito informal da autoria e interpretação de Ana Araújo e Vânia Mendes, jovens improvisadoras que quiseram investir a fachada do Teatro, com o objectivo ambicioso de fazer interagir “corpo/espaço/arquitectura pública – visando levar às ruas a arte”. Uma entrada em bicicleta, maquilhagem e figurinos estranhos, movimento baseado na contacto-improvisação e uma saída em bicicleta caracterizaram esta apresentação jovem e inocente. A proposta não é inovadora, mas a ideia do trabalho com a bicicleta e da música portátil e «riscada» é um ponto de partida interessante, a desenvolver. E quanto ao trabalho na rua, propomos a estas jovens artistas a prosseguirem esse caminho, se esse é o seu desejo, mas talvez a tentarem documentar-se um pouco mais sobre o que já foi feito.

De seguida, no Salão Nobre, tivemos uma conversa, cujo tema «Novas gerações da criação contemporânea», daria «pano para mangas», e as 2 horas a ele dedicadas se mostraram insuficientes para cobrir as preocupações dos criadores contemporâneos presentes.
Mas como explicaram às cerca de 25 pessoas presentes, Maria João Garcia e Joclécio Azevedo, animadores desta conversa, o objectivo principal era que as conversas se prosseguissem também após a conversa «oficial».
Dentro deste tema 3 ideias principais estruturaram a conversa:
1. REFERÊNCIAS
2. MEIO
3. PÚBLICO
Ideias base, que foram desenvolvidas consoante os testemunhos e preocupações dos presentes, que levaram a abordar outros (sub)temas como as residências artísticas, a inutilidade de um «inconformismo conformista» face à política das artes em Portugal, a necessidade de trabalhar em comunidade para obter resultados, a problemática da inexistência quase total de críticos de dança (e sobretudo a sua quase total ausência nos espectáculos de jovens criadores)…
[De notar a também quase total ausência de jornalistas neste evento – a nosso conhecimento uma reportagem rádio foi feita pela Antena 1 e dois artigos, um no Diário de Aveiro e outro no Jornal de Notícias:
http://www.diarioaveiro.pt/main.php?mode=public&template=frontoffice&srvacr=pages_13&id_page=1658
http://jn.sapo.pt/2007/04/30/cultura/teatro_aveirenseteve_dia_cheio_danca.html
claro que com alguma discrepância jornalística como por exemplo a presença assinalada de João Fiadeiro – que não esteve presente – ou o erro no nome de Maria João Vieira, que é, na realidade Maria João Garcia!)…]
Pensamos que esta conversa foi um ponto fulcral nesta Maratona (mesmo apesar da ausência da maior parte dos actores «de peso» da cena da dança contemporânea portuguesa actual), e que outras conversas deveriam pontuar estas manifestações, pois permitem por um lado identificar as pessoas do meio (muitas vezes conhecemos os nomes, mas não as caras) e sobretudo identificar as problemáticas que por vezes são comuns às nossas, mas também aquela que não o são, e partilhar testemunhos e meios de acção, para poder elaborar estratégias (pessoais e comunitárias) face às dificuldades da criação contemporânea.

Após uma curta pausa restaurativa a Maratona prosseguiu com a apresentação de «Uma Bailarina na Maratona do Dia Mundial da Dança», na Sala Estúdio. Este “espectáculo participativo de dança para crianças” de Aldara Bizarro, com a expressiva interpretação de Ainhoa Vidal, bailarina ibérica que alia o seu corpo de uma elasticidade impressionante a uma criatividade e espontaneidade igualmente impressionantes, e que assina em co-criação esta peça coreográfica interactiva; apesar de alguns momentos talvez um pouco longos, acaba por convencer e embalar crianças e adultos na descoberta do corpo e da dança.

De seguida descemos à Sala Principal onde a Maratona continua com 6 apresentações distintas:
1. «MOUVEMENT portraits», vídeo de Luciana Fina que nos apresenta excertos de um workshop de improvisação entrecortados com testemunhos orais de bailarinos, que ofegantes pela corrida que acabam de fazer tentam falar sobre a visão metafísica pessoal que têm sobre o movimento…
2. «Mesa para três», trio da Buzz Companhia de Dança (foto, de Nuno Alegria para JN), jovem companhia de Fafe, aqui dirigida por Pedro Carvalho, num excerto um pouco insípido em que os intérpretes após se terem passeado transportando cada um uma cadeira, acabam por se entregar a uma dança de contacto, sem que se perceba muito bem o tipo de relação que têm uns com os outros…
[“Dança abstracta”(?), tal foi o qualificativo utilizado por um espectador não habituado a ver espectáculos de dança contemporânea que cruzámos na Maratona (qualificativo utilizado não só relativamente a este excerto)…]
3. «Exercício de Pontuação», solo da aveirense Inês Negrão, que apesar dos conceitos “Respiração/Tempo/Ritmo/Frase” nos presenteou com uma «bela dança» na qual esperávamos ver um pouco mais do «Exercício de pontuação» e menos de um fraseado de movimento coreográfico. De todas as formas: uma bela jovem bailarina, cheia de potencialidades.
Este 1º bloco teve o seu auge com:
4. «Animais/Pedestrians», 2 vídeos de Sérgio Cruz, que com o apoio do Núcleo de Experimentação Coreográfica (NEC), do CENTA – Vila Velha do Ródão, The Place e Dance for the Screen, nos ofertou 2 momentos videográficos de excelente qualidade, esteticamente interessantes, e conceitos pertinentes desenvolvidos com talento e humor. Um regalo! A ver absolutamente!
5. «A drop», solo criado e interpretado por Mariana Amorim, que coloca em cena uma bailarina de belos gestos fluidos que se coordenam com uma banda sonora de gotas de água, e uma garrafa rodopiando, pendurada de pernas para o ar a 2 metros do chão. Apesar da simplicidade do conceito e da beleza da dança, fica-nos a vontade de ver um desenvolvimento mais consequente e que a garrafa seja, talvez, algo mais que simples decoração.
Este 1º bloco terminou-se com:
6. «Rugas» (versão remake 2005), vídeo de Rui Horta e Marcus Behrens. «Rugas» reúne excelentes condições, bons intérpretes, belas imagens, ideias e cenografia interessantes, mas o conteúdo desconexo entre uma loucura abstracta e uma narrativa demasiado descritiva, deixa-nos um tanto ou quanto cépticos face a este objecto videográfico.

Após uma curta pausa (o atraso começava a pesar), a Maratona regressou à Sala Estúdio com um 2º bloco de autores:
1. «Paredes» de Maria Manuela Marques. O tema centrando-se no objecto do título, alimentado por dois belos intérpretes (a coreógrafa e Duarte Martins), iluminados por um projector de slides, que duma imobilidade inicial, passam a circular por entre o público (sentado no espaço cénico a pedido da artista), tendo por fundo sonoro um texto sobre o mesmo tema, lido de maneira não teatral, numa neutralidade indiferente, que acabamos por esquecer, deixando-nos um ruído de fundo… apesar da potencialidade dos figurinos (fatos de macaco industriais de cor branca), o movimento não toma em conta esta potencialidade, ficando-se por uma quase invisibilidade e alguns esboços não desenvolvidos…
2. Segue-se «Projecto de Investigação» de Ana Silveira Ferreira “centrado na interrogação do trabalho do actor”, que deve ser visto como isso mesmo: um «Projecto de Investigação». Durante 10 minutos, Joana Cavaco atravessa uma diagonal, com uma pose inerte e um movimento repetitivo. Apesar da música que pontua este exercício de travessia de espaço, a inexpressividade do mesmo deixa-nos indiferentes e mesmo aborrecidos. Talvez 5 minutos de explicação do projecto e … 2 minutos de exercício, nos tivessem deixado mais interessados na pesquisa desta artista…
3. «Subsidiem-me» (excerto) de Diniz Sanchez [não vou «votar» por mim mesmo – a única coisa que posso dizer é que houve algumas reacções positivas por parte do público…]
4. «De algum lado»: Pedro Carvalho dançou-se a si mesmo, numa interpretação da música de David Marques. Sem grandes pretensões, Pedro propôs-nos um pouco dele mesmo, partilhando connosco 10 minutos da sua dança.
5. Para terminar este bloco, Sofia Neuparth, com a cumplicidade de Laura Bañuelos atacou-se a «Sobre comunicação»: “como tornar tangível, num contexto de expressão artística não laboratorial, a experimentação das questões que nos movem?”. Alimentada pelos textos lidos por Laura, Sofia expôs as suas ideias, comunicou connosco através do seu corpo, dos seus gestos, da sua dança.

E aqui a Maratona desatou a correr! Mesmo com a chegada da Ministra da Cultura, descemos imediatamente para continuar com o 3º e ultimo bloco de artistas, que investiram a Sala Principal:
1. «Por aqui, por aí outra vez» (excerto de «Tudo e Nadas»), de Maria João Garcia, mostrou-nos uma Maria Radich resplandecente (e não é exclusivamente uma referência ao vestido!). A luz acende-se: um grande círculo com um microfone no meio, e ao som dos aplausos Maria Radich entra em cena, parando face ao público, no limite da luz e aí ficando até ao fim das palmas pré-gravadas. Então ela avança para o microfone: ela tem tudo de uma grande artista de uma grande sala de espectáculos. Um belo vestido longo, brilhante e decotado, saltos altos e uma voz suave que nos embala e encanta como se fôssemos bebés… mas o discurso dessa voz embaladora é outro! Sobre um texto de Nuno Barreiro a acção desenvolve-se revelado não mais uma bela actriz ou cantora (ou bailarina), mas uma artista completa, sem papas na língua, que fala de amor, “arte, política, liberdade e sobre o absurdo de ser artista.”. Um trabalho da voz falada e cantada excelente, acompanhado de um trabalho de movimento bem adaptado e propósitos pertinentes e refinados. Um prazer para os sentidos e sobretudo um conteúdo que nos fala do artista e da criação contemporânea: BRAVA!
2. «Os pata-lugares», vídeo concebido e interpretado por Né Barros e realizado por Filipe Martins. Objecto curioso, este vídeo apresenta um trabalho de imagem bastante interessante pontuado pela utilização de legendas, e que apesar talvez de um pouco longo, nos deixa com a agradável sensação de um bom momento de humor inteligente.
3. Ainda num seguimento bem-humorado «The awerness trap» de Sílvia Pinto Coelho apanha-nos de surpresa na virtuosidade da manipulação do objecto (uma enorme bola), acompanhada por um sentido de humor refinado que acaba por a contagiar a ela própria!
4. Segue-se o curto «Improviso IV» de Clara Carrapatoso, uma pontuação clássica em pontas, que nos deixa um sorriso nos lábios, lembrando-nos que a dança como ela ainda é vista pela maior parte do público em geral, também tem o seu lugar numa Maratona da Dança tão contemporânea.
5. «Estético – Histérico Fase 1» de Inês Mariana Moitas e Luís Félix testemunha de uma jovem criação pertinente e inteligente. Apesar da imagem inicial que nos pareceu suficientemente interessante para ser mais explorada, segue-se uma coreografia que através da repetição «concorrente» de cada um dos artistas atinge um clímax quando a música comercial intervêm… as interrogações do processo de criação e um final aberto que depende do público dão vontade de ver mais! Esperamos a Fase 2!
6. «Random Sample» de Vera Mota, é ainda uma incursão na jovem criação. Uma boa ideia, uma abundância de elementos cénicos (nem sempre explorados), um figurino e instalação décalés… mas mesmo sabendo que «Random Sample» é isso mesmo: uma “free sample” (amostra gratuita) fica-nos a dúvida sobre se há mais e que forma pode tomar…
Se «Estético – Histérico Fase 1» nos deixa a certeza de querer ver mais, «Random Sample» deixa-nos na expectativa/incerteza de poder ver mais…
7. «Pés na terra Coração no ar» de Isabel Barros é uma improvisação dentro do universo da próxima criação da coreógrafa, cujo interesse principal é a personagem «barroca» que impõe uma presença teatral e vocal estranha, que se sobrepõe à prestação da bailarina. O início da exploração de um trabalho vocal em cumplicidade com o músico em palco, dá-nos pistas do que poderemos ver nesse futuro «Lugar dos Sonhos».
8. «Olhares em dança» um happening vídeo/música/luz com o artiste Alex (?lex) Campos nu em cena.
9. «Dança in my mind» de Clara Andermatt e Vítor Rua, uma improvisação «sex-guitar», para surpreender a Maratona.
10. «O jantar favorito» ou «Ai! qué dolor! Oh! What a pain!» de Catarina Miranda, é um karaoke anedótico interessante, mas cuja ideia não é suficiente devido à falta de trabalho cénico: tal como na «sample» de Vera Mota, também aqui o trabalho sobre o cliché fica por desenvolver.
E para terminar:
11. «Ao cruzar as árvores» solo de Ainhoa Vidal, que explora um objecto narrativo: um conto (para todas as idades) – que nos faz pensar a um universo Manga, habitado por estranhas criaturas, monstros e animais que falam… com um bom trabalho de caracterização, figurino e voz off.

Após uma pausa – lanche tardia (20h) e diplomática, onde a Ministra da Cultura esteve relativamente disponível para falar com os artistas que tivessem vontade de trocar ideias com ela, tivemos uma pequena performance interpretada por M$Ms (M&Ms?) com o título «Desconcerto»: ocupando o Foyer, Margarida Mestre e Miguel Pereira, vestidos a rigor para a ocasião interpretaram-nos uma canção. Um concerto intimo «en tête à tête» com o público e a Ministra.

Para finalizar esta jornada, voltámos à Sala Principal para assistir a uma improvisação de «Vera Mantero & Friends».
Contribuição da geração (ou pelo menos de uma parte, pois nomes como João Fiadeiro, Francisco Camacho, Paulo Ribeiro e Sílvia Real não estavam presentes) que marcou o «big bang» da dança contemporânea portuguesa e que continua a trabalhar para uma visibilidade da criação contemporânea.
Vera Mantero, animada por uma energia e corpo sempre jovens, rodeou-se de Miguel Pereira, Margarida Mestre, Clara Andermatt, Vítor Rua, Sophie Leso, Filipa Francisco, João Galante, Joclécio Azevedo e João Samões, para um momento de improvisação ao qual não faltaram bons momentos performativos cheios de humor e sensibilidade.

Talvez para o ano as novas gerações se possam misturar à geração «geradora» para partilhar, também em palco novas experiências e tendências!

Obrigado a todos: iniciativas comunitárias como esta deviam proliferar e contribuir ao desenvolvimento das acções da REDE e da comunidade da Dança Portuguesa!

Diniz Sanchez

http://www.oblogdarede.blogspot.com/

http://www.teatroaveirense.pt/


EN FRANÇAIS :

Le 29 avril, pour ceux qui ne le savent pas, c’est la Journée Mondiale de la Danse.
La REDE – Association de Structures pour la Danse Contemporaine, au Portugal, a été invitée par le Teatro Aveirense, à Aveiro (nord du Portugal) a investir ses espaces dans un Marathon de la Danse pour fêter cette occasion.
La programmation qui a durée approximativement 12 heures (de 11h du matin à 23h – avec quelques retards en rapport avec les difficultés compréhensibles d’enchaînement logistique de à peu près 30 artistes-créatifs/compagnies-collectifs) a été composée par des présentations scéniques, des rencontres, des vidéos, des installations, des performances, et même la possibilité d’échanger quelques mots avec la Ministre de la Culture (qui est arrivée vers 18h et est restée jusqu’à la fin).

Ce Marathon a été divisé en :
1. Une rencontre discussion sur les «Jeunes générations de la création contemporaine», qui a réunit 25 personnes autour d’une discussion sur des thèmes assez larges comme «références», «milieu», «publics», qui ce sont développés par le biais des préoccupations et témoignages des présents et qui ont amené à aborder aussi les thèmes des résidences artistiques, de l’inutilité d’un «inconformisme conformiste» face à la politique des arts au Portugal (et en Europe ?), la nécessité de travailler en communauté pour attendre des résultats, la problématique de l’inexistence de critiques de danse, et surtout leur manque d’intérêt pour la jeune création…
2. Un spectacle participatif de danse pour enfants, de Aldara Bizarro.
3. Trois blocs de présentations de 10 minutes de tout artiste/chorégraphe/compagnie désirant participer, d’où on pourra citer les noms plus connus de Rui Horta, Sofia Neuparth, Pedro Carvalho, Né Barros, Isabel Barros et Clara Andermatt, mais d’où on voudrait surtout souligner la participation de qualité de jeunes créateurs moins connus comme Sérgio Cruz, Maria João García, Sílvia Pinto Coelho, Inês Mariana Moitas e Luís Félix
4. Une performance de M$Ms (Margarida Mestre et Miguel Pereira) qui on fait un mini concert/performance dans le foyer du Théâtre.
5. Une clôture en forme d’improvisation par Vera Mantero et ses invités : Miguel Pereira, Margarida Mestre, Clara Andermatt, Vítor Rua, Sophie Leso, Filipa Francisco, João Galante, Joclécio Azevedo et João Samões.

Peut-être l’année prochaine les jeunes générations pourront se mélanger aux générations «génitrices» pour partager, aussi sur scène, des nouvelles expériences et tendances!

Reste ici l’appel pour que des initiatives semblables puissent avoir lieu aussi en France!

Diniz Sanchez

Libellés : , , , ,

1 Comments:

  • Pensei que eu ia comentar e dizer pura tema, você fez por si mesmo? É realmente impressionante!

    By Anonymous Anonyme, at 1/26/2013 4:12 PM  

Enregistrer un commentaire

<< Home